quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Se relacionando com o NOVO

Na sociedade consumista, a palavra NOVO tem um grande poder. Tudo o que ela acompanha passa a ser objeto de desejo, pois o NOVO representa - mesmo que apenas simbolicamente - algo diferente, coisa que talvez não se tenha experimentado ainda. Mesmo o que é antigo pode ser encarado como NOVO, basta que um pequeno detalhe seja modificado, para acompanhar a moda, ou como se diz, a tendência, pois, muitas vezes, o NOVO nada mais é que sinônimo de mais do mesmo. Mas não importa: possuir o NOVO, em tempos modernos, significa estar antenado, ser um homem de sucesso e não estar excluído da sociedade, mesmo que esta seja uma pseudo-inclusão.

O NOVO é estratégia para a comercialização dos produtos que, cada vez mais, têm seu ciclo de vida encurtado, pois é preciso renovar continuadamente para que se possa acompanhar as mudanças do mercado. Uma das grandes paixões dos brasileiros, o automóvel, é um exemplo que serve para ilustrar o uso exagerado do conceito de NOVO. Nem havíamos chegado ao meio de 2008 e já era possível encontrar na mídia a publicidade dos novos modelos 2009 - mesmo que esse NOVO se concretizasse, de fato, apenas num friso diferente do pára-choques.

E quanto mais modelos novos surgem, mais rápido passa a ser o descarte do que se tem, pois a partir do momento em que se toma ciência do lançamento de um novo modelo de determinado produto que está no mercado, a impressão que se tem é que seu antecessor passa a não mais cumprir seu papel. E pode acontecer mesmo de não cumprir, mais do ponto de vista psicológico do que funcional.

O problema é que não se nota a mesma ânsia empregada no relacionamento com os objetos, essa vontade de se relacionar com o NOVO, quando em relação ao próprio indivíduo, seus pensamentos e atitudes. Neste quesito, gostamos mesmo é do velho ser que habita em nós. E não são raras as vezes em que se ouve: “Sou assim mesmo, não vou mudar”, postura, no mínimo, lamentável. Por que não transportar a vontade de gozar do NOVO modelo de produto para a possibilidade de desfrutar de um novo modelo de indivíduo? E neste caso, o NOVO precisa ir além da embalagem, do puxa aqui, aspira ali, ou dos tão desejosos MLs que se pode acrescentar – para o “bem” da aparência. O upgrade pessoal também precisa ultrapassar as matérias do intelecto - quando chegam até elas - com pós disso e daquilo, línguas, cursos de extensão, aperfeiçoamento e tal - pois o NOVO, aquele que se refere à reinvenção do próprio indivíduo, é carente de novas atitudes, formas outras de se relacionar consigo e, consequentemente, com os outros.

Então, neste final de ano - época que talvez seja mais propícia para as reflexões -, nada de trocar apenas aquele “friso lateral”. O fundamental, nesse processo de transformação, começa com a vontade de conquistar um NOVO modelo de pessoa, mais fraterno, amigo, capaz de se amar e de amar as outras pessoas com quem convive, respeitando-as e respeitando-se e, acima de tudo, deixando a paz fazer parte de suas ações.

E sobre o NOVO no consumo, o que fazer, a saída seria não comprar mais nada? Não, essa não-necessidade talvez seja utopia, pelo menos no sistema vigente. Mas é possível adotar práticas de consumo mais conscientes: aproveitar alimentos, consertar roupas e sapatos, comprar menos brinquedos para filhos, netos e afilhados e, quando o fizer, propor, por, exemplo, que a criança doe um para ganhar outro. No supermercado, vale se perguntar se aquilo que está vendo e que despertou um desejo momentâneo é realmente necessário naquele momento. Enfim, é possível renovar a forma de enxergar o mundo e, mais do que isso, sua atuação nele.

Adotar uma NOVA postura, uma NOVA forma de se relacionar é mais difícil do que consumir parcelando no cartão. É preciso atitude, força de vontade, disciplina para poder deixar aflorar um sujeito que saiba respeitar e amar mais a si, os outros e os lugares por onde passar.

E então, disposto a conquistar esse NOVO sujeito?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Manual para Boas Festas Sem Consumismo

A CCFC - Campaign for a Commercial-Free Childhood – criou o Manual Para Boas Festas Sem Consumismo, que está disponível no site da Alana. O material é composto de dicas de ativistas e autores de livros que trabalham principalmente a temática infância e consumismo. Um dos depoimentos é de Susan Linn, co-fundadora da CCFC e autora do livro Crianças do Consumo: a infância roubada, entre outras obras.

O manual é de rápida leitura, pois tem apenas seis páginas. Confira as dicas.

Se você também tem uma dica para um Natal sem consumismo, deixa um recado aqui na Caixa Registradora.

Fonte: Alana

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O Eatertainment: alimentando as crianças na sociedade de consumo

Artigo de Pablo José Assolini publicado no livro Comunicação Mercadológica: uma visão multidisciplinar, organizado pelo prof. Dr. Daniel dos Santos Galindo. O texto faz uma abordagem sobre as mudanças que contribuíram para a configuração do comportamento da sociedade contemporânea, principalmente no que se refere à inserção da criança na cultura do consumo.

O mercado tem utilizado o público infantil para fisgar os adultos de hoje e preparar os consumidores de amanhã. Por meio do eatertainment - conceito utilizado pela indústria de alimentos, que associa alimento à diversão – brindes, publicidades e outras ações mercadológicas são usadas para persuadir as crianças. Para ilustrar o texto, foi utilizado o caso da rede americana de fast-food McDonald’s.

O artigo também está publicado no site da Alana.

Leia o texto na íntegra

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Consumismo infantil: vamos dar um basta

Recebi o link do trailler do documentário Criança, a alma do negócio, de Estela Renner e Marcos Nisti, por meio da newsletter da Alana. O filme fala do comportamento consumista das crianças, que passaram a ser tratadas como mero público-alvo que tem gerado grandes lucros às empresas.
Segundo estudo da FEA-USP de 2006, publicado no suplemento “Sua Empresa” do Jornal o Estado de São Paulo, o mercado infantil movimenta R$ 50 bilhões e cresce 14% ao ano, no Brasil. Ainda de acordo com o estudo, esse crescimento é o dobro do verificado nos segmentos voltados para adultos.

Para reverter este cenário é preciso sensibilizarmos e conscientizarmos os adultos de hoje. E o filme é uma das maneiras. Ajudem a divulgá-lo!

Clique aqui para assistir ao trailler disponibilizado no youtube