segunda-feira, 25 de maio de 2009

A cidade (re)criada pela infância

Por meio do portal Cultura Infância, tive acesso ao texto "A cidade (re)criada pela infância", de Nayana Brettas Nascimento, que me fez pensar o quanto a cidade planejada e construída por adultos para adultos, não inclui as crianças. “As expressões corriqueiras ´lugar de criança é na escola` ou ´a rua não é lugar de criança` revelam quais são os lugares da infância na cidade e que tipo de relação devem estabelecer com ela”, declara a autora.

O texto também me fez imaginar uma cidade em que os adultos pudessem deixar aflorar a criança que um dia já foram. Ah, com certeza seria uma cidade mais alegre, mais espontânea, muito mais divertida de viver. Seria mais ou menos como coloca Nascimento, quando trata da contribuição das crianças para com a cidade, quando elas ocupam seus espaços. “Ter as crianças circulando e ocupando os espaços públicos da cidade contribui para o resgate das relações entre as pessoas. A espontaneidade das crianças em conversar com aqueles que encontram pelas ruas sem mesmo conhecê-los fazem pernas aceleradas pararem, bocas conversarem e olhares se cruzarem, e fazem sorrisos serem esboçados em faces sérias e sisudas”, diz Nascimento.

Leia o texto na íntegra.

Veja também o texto no Portal Cultura Infância.

Foto: New Life

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Chupeta*, choro, comunicação e consumo

Até há um tempo atrás pensava que as crianças gostavam de chupetas pois via grande parte delas com uma na boca. Também sempre observei que crianças choronas ficavam quietas quando um adulto colocava uma chupeta em suas bocas. Assim, pra mim, o único mal da chupeta era a história que sempre ouvi de que ela entortava os dentes de quem as usasse.

Pois bem. Foi há pouco tempo também que descobri que a chupeta representa muito mais do que um simples instrumento usado pelos pais para fazer o bebê parar de chorar e que este choro é a forma que os bebês têm de se comunicar, de expressar seus sentimentos, desejos e dores. E foi por isso que passei a acreditar que as crianças não devem gostar tanto de chupeta como às vezes parece.

E se o choro é a forma da criança - que ainda não sabe falar - se expressar, e a chupeta é um meio de parar com o choro, a chupeta, portanto, exerce a função de um cala-boca. Para Tracy Hogg, no livro Os Segredos de uma Encantadora de Bebês, esse ato seria o mesmo que colocar uma bola de meia na boca de um adulto. A recomendação da autora é para observar o que aconteceu antes e o que está ocorrendo naquele momento do choro: como foi a alimentação da criança, se há algum barulho diferente no ambiente, além de prestar atenção nos movimentos dela para poder compreender o que a criança está querendo dizer.

É claro que procurar entender o que a criança está tentando comunicar por meio do choro dá muito mais trabalho, pois exige paciência, tempo, dedicação e sensibilidade para aprender a ouvir. Isso tudo somado às preocupações e afazeres da vida pós-moderna, torna mais fácil e prática a atitude automática da chupeta que, apesar de não atuar sobre a causa, é um tranqüilizante momentâneo para os adultos, que querem o silêncio imediato.

Aplicando a idéia à sociedade de consumo, percebe-se que há muita relação de empresa com cliente baseada no “mecanismo da chupeta”. Em vez de procurar entender os desejos e necessidades de seus consumidores - o que requer disposição para ouvir, para construir um relacionamento de verdade - há empresas que, talvez por ser mais fácil, embora menos inteligente, optem pelo cala-boca, o que significa, quase sempre, perder o cliente.

Tanto no caso das crianças quanto das empresas, a relação baseada na chupeta causa perdas. Para empresas, o prejuízo é sentido mais no capital. Já no caso das crianças, a perda talvez seja ainda maior, pois os pais podem estar deixando de conhecer melhor seu filho, de iniciar a construção de um relacionamento.

Poderá ser a chupeta responsável por tudo isso?

*Chupeta= Mamilo de borracha para crianças (dic. Aurélio)