Matéria da Veja de 6 de agosto trata das chamadas crianças multitarefas. Falar no celular, escutar música, bater papo no MSN, jogar videogame e ainda dar uma espiada na programação da TV são algumas das coisas que essa nova geração faz de uma só vez.
Bom ou ruim, não sei dizer. Mas uma coisa é certa: a tecnologia não é a grande causa desse comportamento. É fato que ela está inserida no universo do público infantil. Para as crianças da sociedade moderna, o mundo é through the screen. A vida dos multitarefa é intermediada por telas. Até livro já se lê em posição vertical, por causa do hábito de olhar para o monitor do computador.
Mas e daí? O que isso significa, além da adpatação aos meios, coisa que não é exclusividade dessa geração? A sociedade muda constantemente, e ainda bem que isso acontece. São avanços, retrocessos, mas que significam novas experiências. Os especialistas ouvidos por Veja disseram que será necessário uma ou duas gerações para saber se o impacto desse fenômeno é positivo ou não. Um deles, professor de conceituado colégio de São Paulo, já percebeu uma coisa: “As crianças processam rapidamente um número maior de informações, mas num nível superficial. Ir fundo no assunto é difícil pra elas”.
Hoje, o que vale mais é a quantidade. Vivemos no que a revista Wired chama de snack culture (cultura aos pedaços). Somos ansiosos pelo novo. Queremos um pouquinho de tudo, somos incentivados a isso. E é gostoso, mas não menos perigoso, tudo depende do ponto de vista. E viva o mundo da baixa resolução, de vídeos por celular e do second life! A quantidade de informação não pára de aumentar. Já a qualidade, é mais discutível... ou não.
Voltando à Revista, o que mais causou espanto na matéria foram os relatos das mães que participaram da reportagem. Elas ficaram assustadas com o comportamento dos filhos, de darem atenção para duas, três, quatro, até cinco coisas diferentes ao mesmo tempo. Isso mostrou que essas mães dão pouca atenção aos filhos, não têm muita convivência com eles, pois mal sabiam o que estavam fazendo em casa.
Esse talvez seja um problema, e, de certa forma, também não é culpa delas, pois estão inseridas na lógica do mercado. Para manter os costumes da vida moderna é preciso de dinheiro, o que, na maioria das vezes, significa mais trabalho. Assim, os pais terceirizaram a atenção - o convívio que deveriam ter com os filhos - para os aparatos tecnológicos, as novas babás eletrônicas da modernidade. Embora também, dependendo da relação familiar, talvez a criança saia ganhando em não ter os pais muito por perto. E quem gosta disso é o mercado publicitário, que enxerga a criança como presa fácil, "verdadeira trainee do consumo", nas palavras do professor Daniel Galindo.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
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