O Presidente da República foi praticamente garoto propaganda do lançamento do novo Gol da Volks, algo que soa no mínimo esquisito por se tratar de pessoa pública em lançamento de produto comercial - mas isso é assunto pra uma outra ocasião.
Não bastasse isso, em seu discurso Lula disse que a boa fase da indústria automobilística se deve ao próprio setor, que acreditou na estabilidade econômica. “A indústria está batendo recordes todo mês de produção e de vendas. Quanto mais as indústrias crescerem, quanto mais fornecedores tiverem, quanto mais concessionárias abrirem, mais empregos vão gerar. E gerando mais empregos, vão gerar mais salários, vão ter mais consumidores. Mais consumidores, mais empregos e assim passamos a viver um ´ciclo virtuoso`", declarou. Tudo muito lindo mas, ao mesmo tempo em que há um incentivo das empresas, da propaganda e do Presidente para se comprar carros, por outro lado há o discurso de ONGs e de outros setores de que o cidadão consciente é aquele que deixa seu carro na garagem, por causa do trânsito, meio ambiente, bláblábláblá. Não que os argumentos não sejam válidos. Mas quem sempre fica com o abacaxi na mão, angustiado, meio perdido e estressado, é o cidadão. Se a comercialização de veículos é importante, se ela ajuda o desenvolvimento do país, que, aliás, já foi iniciado por meio de rodovias, o mínimo que podemos esperar é que nos dêem alternativas, condições para que a frota de fato possa ser ampliada com mais qualidade e segurança para o meio ambiente e o consumidor.
Por outro lado, é fácil perceber que o caso dos meios de transporte é o mesmo dos demais setores da área pública: educação, saúde, segurança etc. Como os governos não conseguem resolver o problema, precisam apoiar a iniciativa privada e, assim, cada um que se vire do jeito que dá. Aliás, com o recorde de produção de veículos veio também o boom dos recalls. O caso mais recente foi o do FOX, que ficou popularmente conhecido como corta-dedo. Segundo matéria publicada no Estado de São Paulo, de 30 de junho, “os sucessivos recordes de vendas de carros obrigaram as montadoras a acelerar a produção num ritmo muito acima do previsto. Para dar conta da demanda, várias fábricas operam 24 horas durante os sete dias da semana, convocam horas extras e criam novos turnos.[...] Só neste ano, 818,2 mil veículos foram convocados para consertos. Em todo o ano passado foram 256,3 mil. [...] Desde meados dos anos 90, quando a indústria automobilística introduziu no País os recalls, 6,2 milhões de carros passaram por convocações, o equivalente a 25% de tudo o que foi vendido no período”.
Por isso, é preciso fiscalizar as empresas, criar regras para garantir mais qualidade e condições de rodar, seja de carro próprio ou de transporte público. Porém, uma coisa é fato: não é servindo de garoto propaganda que os nossos políticos vão conquistar vitórias para o cidadão comum, que está em campo todos os dias e também precisa garantir seus gols.
Crédito imagem: http://substantivolatil.com/page/3
segunda-feira, 30 de junho de 2008
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