A Revista
Carta Capital traz na seção Diálogos texto de Thomaz Wood Jr. que fala do consumo voltado ao público infantil, das propagandas abusivas e do grande tempo em que os pequenos ficam à frente da tevê. Intitulado
Cavernistas, Wood também faz uma crítica aos publicitários, que segundo o autor, parecem viver em um mundo fora da realidade, “na célebre
Caverna de Platão”, afirma.
De fato, a tevê e outros aparatos tecnológicos, como a internet e o videogame, têm sido os grandes companheiros e “educadores” das crianças da sociedade contemporânea. A publicidade, sem dúvida, já descobriu isso e também que os pequenos são presa fácil, principalmente aqueles em idade que ainda não conseguem distinguir uma propaganda de um programa de tevê (até 4 anos). Tenho observado que a televisão brasileira reforça o consumismo também no público infantil. Porém, não acredito que uma simples proibição, como a que se quer colocar por meio da aprovação do substituto do
projeto de lei 5.921/2001 , venha ajudar a formar cidadãos mais conscientes, inclusive do ponto de vista do consumo. É claro que tudo tem limites e que há muito conteúdo eletrônico abusivo, muitos publicitários na caverna, como bem disse Wood, mas também, que há muitos pais, mães, empresários e professores vivendo nesse mundo paralelo, alimentado por um sistema viciado no consumismo.
A realidade é que essas crianças, mais cedo ou mais tarde, serão inseridas na cultura de consumo e, se não tiverem sido educadas para um consumo consciente, para um “ser” mais do que “ter”, serão os adultos consumistas, angustiados e estressados de hoje, que usam o consumo como escape, numa eterna busca pela felicidade.
É preciso que haja limites, principalmente quando o assunto envolve crianças. Mas acredito que o fundamental seja a mudança de comportamento da sociedade, que as famílias consigam dar mais atenção a seus filhos e que terceirizem menos a educação, o amor e a atenção aos pequenos e que tanto o governo quanto as ONGs, intensifiquem ações que visem despertar essa consciência crítica para que se consiga mostrar que uma outra realidade é possível de ser construída. Isso de fato é mais complicado, mas precisamos parar de querer remediar, de buscar pseudo-soluções simplistas para problemas complexos, como esse que envolve a cultura do consumismo de uma sociedade que é estimulada, e não só pela publicidade, a viver "intensamente o prazer" do descarte.