Outro dia fiz um post - que está um pouco abaixo deste - falando sobre o relacionamento com o NOVO. O texto diz que seria muito positivo se o indivíduo aplicasse a mesma ânsia que tem por novos bens de consumo à vontade de se renovar, de promover uma reforma íntima, fazendo surgir, assim, um novo homem. E foi pensando sobre o Novo que resolvi falar sobre o VELHO.
Em tempos de modernidade, VELHO é sinônimo de sarcófago, de coisa fora da moda, que não serve mais, sem utilidade, um grande estorvo pra humanidade. Até porque é o VELHO que contribui com as toneladas de lixo que juntamos e/ou descartamos, ainda que o velho que vai para o lixo não seja tão velho assim (mas para a vida útil dos produtos hoje em dia, ele é sempre mais do que VELHO). Do ponto de vista dos objetos é isso: o velho é o que já está fora de moda, cujo modelo foi ultrapassado por um lançamento, por um NOVO modelo. Por isso, o que é velho acaba virando lixo, peça descartável. Se utilizássemos a prática dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) já conseguiríamos diminuir o surgimento de novos VELHOS e, desta forma, a quantidade de lixo. A economia para o bolso também seria maior. Aliás, Jack Johnson tem uma música chamada The 3 R´s (letra original - letra traduzida) - em seu disco de nome Sing-a-Longs and Lullabies For The Film Curious George - que fala sobre essa prática.
Bom, se mudarmos o foco para as pessoas, o VELHO também é visto com certo preconceito, como estorvo, sinônimo de um desatualizado. Porém, os avanços da medicina começaram a proporcionar à sociedade uma expectativa de vida mais longa. E isso fez com que rapidamente o mercado reagisse, criando produtos específicos para essas pessoas, que passaram a ser vistas como consumidores ativos, que utilizam o dinheiro para remédios, vitaminas, viagens, diversões, enfim, o VELHO passou a ser mais respeitado pois, na lógica capitalista, ele está cada vez mais apto e decidido a consumir. Assim, quanto mais tempo o indivíduo permanecer vivo, mais ele poderá comprar.
E a palavra VELHO já soa tão pejorativa em nossa cultura que o politicamente correto sugere conceituar os mais VELHOS como Terceira Idade ou, no mínimo, idosos. Mas, como diz Rubem Alves, já pensou se em vez de O Velho e o Mar, Hemingway colocasse em seu livro o título de O Idoso e o Mar? Ou, então, pra piorar a Pessoa da Terceira Idade e o Mar? Não dá, não caberia, pois soa falso, perde o conteúdo e a poesia.
É por isso que a palavra VELHO tem seu particular. É bonita essa coisa do VELHO, pois ele representa experiências, marcas, histórias, alegrias e tristezas. O VELHO viu nascer e morrer, tem o privilégio da maturidade. VELHO não é estar gasto, ao contrário, quanto mais VELHO, mais novo se pode ser. Mario Sergio Cortella, filósofo e professor da PUC-SP, diz em um de seus livros que, ao contrário do sapato que já nasce pronto e vai se desgastando, o homem não nasce pronto. Com o passar do tempo, a cada nova experiência, ele vai se fazendo e refazendo, deixando florescer seu mais novo modelo em cada momento do presente.
Assim, enquanto o VELHO pode estar repleto do NOVO, o NOVO pode ser o velho de sempre, apenas disfarçado de um pseudo-novo.
Que viva o VELHO!!!
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Será somente migração de quereres?
Fiquei muito feliz com a notícia “Propaganda de alimentos deverá ser voltada aos pais”, veiculada dia 17 de janeiro na Folha de São Paulo. Por isso não poderia deixar de comentá-la aqui.
A decisão das empresas Burger King Europa, Coca-Cola, Danone, Ferrero, Kellog´s, Kraft, General Mills, Mars, Nestlé, PepsiCo e Unilever, que assinaram o termo de compromisso europeu EU-Pledge, em 2007, e que passa a valer a partir deste ano, é para comemorar. Claro que o problema do consumismo infantil não se resume à publicidade na tevê e, consequentemente, não se resolve apenas com uma medida isolada. Sabe-se que o universo infantil de hoje é habitado por freqüentes inputs de consumo e que é a educação que deve ser tratada de maneira que dê suporte necessário para proporcionar aos futuros adultos uma postura mais crítica, consciente e humanizada das coisas terrenas. E o trabalho de educação também deve ser direcionado para gente grande. Se as crianças enxergam os adultos como modelos e estes continuam os mesmos, não há mudança, apenas repetição do cenário que se tem hoje.
De qualquer forma, a notícia é muito positiva porque colabora para que o tema seja debatido, gerando assim um sentimento de mais consciência para com nossas crianças. E grandes empresas tendo posturas como esta, faz com que outras passem a refletir sobre o tema, pois ir na contramão pode ser um começo de perda de lucros. E esse decréscimo pode aumentar na proporção do crescimento da conscientização da sociedade, que pode deixar de comprar produtos cuja comunicação não respeite os pequenos.
Lado B
Por outro lado, crianças de até seis anos estarão expostas a propagandas voltadas às crianças que tenham sete anos ou mais. O que pode acontecer – e nesse caso a ação passa a não ter validade - é uma migração, inclusive dos pedidos. Se as crianças já gostam de produtos destinados aos adultos, entre eles podemos citar o telefone celular, que dirá dos brinquedos destinados aos pequenos que são apenas um pouco maiores daqueles com seis anos. Por isso precisamos ficar atentos para que a ação das empresas não represente apenas uma migração dos quereres.
ANVISA
Esperamos que a ANVISA consiga lançar a regulamentação sobre a propaganda de alimentos. E espero que a iniciativa não fique restrita somente a propaganda, pois é preciso levar em consideração todas as ferramentas e estratégias da comunicação mercadológica, da qual a propaganda é apenas uma delas.
A decisão das empresas Burger King Europa, Coca-Cola, Danone, Ferrero, Kellog´s, Kraft, General Mills, Mars, Nestlé, PepsiCo e Unilever, que assinaram o termo de compromisso europeu EU-Pledge, em 2007, e que passa a valer a partir deste ano, é para comemorar. Claro que o problema do consumismo infantil não se resume à publicidade na tevê e, consequentemente, não se resolve apenas com uma medida isolada. Sabe-se que o universo infantil de hoje é habitado por freqüentes inputs de consumo e que é a educação que deve ser tratada de maneira que dê suporte necessário para proporcionar aos futuros adultos uma postura mais crítica, consciente e humanizada das coisas terrenas. E o trabalho de educação também deve ser direcionado para gente grande. Se as crianças enxergam os adultos como modelos e estes continuam os mesmos, não há mudança, apenas repetição do cenário que se tem hoje.
De qualquer forma, a notícia é muito positiva porque colabora para que o tema seja debatido, gerando assim um sentimento de mais consciência para com nossas crianças. E grandes empresas tendo posturas como esta, faz com que outras passem a refletir sobre o tema, pois ir na contramão pode ser um começo de perda de lucros. E esse decréscimo pode aumentar na proporção do crescimento da conscientização da sociedade, que pode deixar de comprar produtos cuja comunicação não respeite os pequenos.
Lado B
Por outro lado, crianças de até seis anos estarão expostas a propagandas voltadas às crianças que tenham sete anos ou mais. O que pode acontecer – e nesse caso a ação passa a não ter validade - é uma migração, inclusive dos pedidos. Se as crianças já gostam de produtos destinados aos adultos, entre eles podemos citar o telefone celular, que dirá dos brinquedos destinados aos pequenos que são apenas um pouco maiores daqueles com seis anos. Por isso precisamos ficar atentos para que a ação das empresas não represente apenas uma migração dos quereres.
ANVISA
Esperamos que a ANVISA consiga lançar a regulamentação sobre a propaganda de alimentos. E espero que a iniciativa não fique restrita somente a propaganda, pois é preciso levar em consideração todas as ferramentas e estratégias da comunicação mercadológica, da qual a propaganda é apenas uma delas.
TV Cultura
Também quero registrar aqui a postura louvável da TV Cultura que, desde 1º de janeiro de 2009, se comprometeu a não veicular publicidade de produtos durante a programação infantil da emissora.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Consumir X votar
O Blog A vida como a vida quer realizou uma blogagem coletiva sobre consumo consciente, no final do ano passado. Muita gente participou e deixou comentários, inclusive a Caixa Registradora. Um dos posts muito bacanas foi o do Ecosofando, que fez um paralelo sobre o ato de consumir com o de votar. Como coloca o blogueiro, ambas ações são importantes e fazem parte do nosso modelo de sociedade. Porém, o ato de consumir acontece todos os dias, diferente das eleições para os postos do Executivo e Legislativo do nosso país, realizadas a cada dois anos.
Diariamente temos muitos momentos de decisões de consumo que representam grande poder de mudança ou de continuidade de produtos, empresas e também da nossa maneira de nos relacionar uns com os outros, embora geralmente não tenhamos essa consciência. Nesta lógica, comprar ou deixar de comprar determinado produto pode mudar toda a cultura de consumo e o rumo do nosso planeta, pode significar, sim, uma grande revolução! Abaixo segue parte do texto, que vale a pena ser lido na íntegra no Ecosofando.
“... Durante as eleições, destinamos (ou deveríamos destinar) nossos votos a aqueles candidatos que consideramos (baseado em seu histórico, suas promessas, relações políticas, etc…) mais capazes de promover as mudanças que achamos importante para nossa comunidade (país, estado, cidade, planeta, etc…).Quando elegemos um candidato, transferimos nosso poder de escolha (política). Ele será nosso representante nas decisões que afetarão nossa comunidade, durante os próximos 4 anos. Se, durante este período, este político decidir deixar de nos representar (pois mudou suas opiniões, ou mentiu sobre elas), teremos o poder de rejeitá-lo, nas próximas eleições (daqui a 4 anos). Claro que, para isso, precisamos lembrar em quem votamos, o que não é muito comum.
Quando consumimos um determinado bem (produto, serviço ou informação), estimulamos, em primeira instância, sua permanência no mercado. Estimulamos, também, uma rede de processos sócio-ambientais, relacionadas ao seu ciclo de vida (produção, distribuição, consumo, descarte, entre outros) que, efetivamente, transformam a comunidade em que vivemos (localmente e/ou globalmente). Portanto, da mesma forma que o voto, nossas escolhas de consumo têm um poder transformador sobre a sociedade. Mas, diferentemente do voto, este poder pode ser exercido várias vezes ao dia. Se a instituição responsável pela produção do bem, não tem os valores e o comportamento que achamos corretos, podemos rejeitá-la na próxima ida ao mercado, mudando de canal ou estimulando outras pessoas a não consumi-la.”
Diariamente temos muitos momentos de decisões de consumo que representam grande poder de mudança ou de continuidade de produtos, empresas e também da nossa maneira de nos relacionar uns com os outros, embora geralmente não tenhamos essa consciência. Nesta lógica, comprar ou deixar de comprar determinado produto pode mudar toda a cultura de consumo e o rumo do nosso planeta, pode significar, sim, uma grande revolução! Abaixo segue parte do texto, que vale a pena ser lido na íntegra no Ecosofando.
“... Durante as eleições, destinamos (ou deveríamos destinar) nossos votos a aqueles candidatos que consideramos (baseado em seu histórico, suas promessas, relações políticas, etc…) mais capazes de promover as mudanças que achamos importante para nossa comunidade (país, estado, cidade, planeta, etc…).Quando elegemos um candidato, transferimos nosso poder de escolha (política). Ele será nosso representante nas decisões que afetarão nossa comunidade, durante os próximos 4 anos. Se, durante este período, este político decidir deixar de nos representar (pois mudou suas opiniões, ou mentiu sobre elas), teremos o poder de rejeitá-lo, nas próximas eleições (daqui a 4 anos). Claro que, para isso, precisamos lembrar em quem votamos, o que não é muito comum.
Quando consumimos um determinado bem (produto, serviço ou informação), estimulamos, em primeira instância, sua permanência no mercado. Estimulamos, também, uma rede de processos sócio-ambientais, relacionadas ao seu ciclo de vida (produção, distribuição, consumo, descarte, entre outros) que, efetivamente, transformam a comunidade em que vivemos (localmente e/ou globalmente). Portanto, da mesma forma que o voto, nossas escolhas de consumo têm um poder transformador sobre a sociedade. Mas, diferentemente do voto, este poder pode ser exercido várias vezes ao dia. Se a instituição responsável pela produção do bem, não tem os valores e o comportamento que achamos corretos, podemos rejeitá-la na próxima ida ao mercado, mudando de canal ou estimulando outras pessoas a não consumi-la.”
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Classificação indicativa na internet?
O Reino Unido estuda a possibilidade de atribuir classificações indicativas a sites, em sistema semelhante ao usado em filmes. O secretário da cultura Andy Burnham afirmou à BBC que conteúdos encontrados na rede, como vídeos de decapitações, são inaceitáveis, e que “novos padrões de decência” são necessários.
Acho boa a idéia de classificação. Seria mais uma forma de proteger inclusive crianças de conteúdo não apropriado a elas. A mensagem poderia aparecer assim que se digitasse o endereço do site. Porém, há alguns problemas que teriam de ser resolvidos. Como seria, na prática, o procedimento para adicionar tal classificação indicativa? Como a internet não tem fronteiras, precisaria haver um acordo mundial, pois do contrário, não seria tão eficaz. Como fiscalizar a aplicação de tal classificação? Quem seria o órgão responsável?
Acho boa a idéia de classificação. Seria mais uma forma de proteger inclusive crianças de conteúdo não apropriado a elas. A mensagem poderia aparecer assim que se digitasse o endereço do site. Porém, há alguns problemas que teriam de ser resolvidos. Como seria, na prática, o procedimento para adicionar tal classificação indicativa? Como a internet não tem fronteiras, precisaria haver um acordo mundial, pois do contrário, não seria tão eficaz. Como fiscalizar a aplicação de tal classificação? Quem seria o órgão responsável?
Fonte: Caderno Informática da Folha de São Paulo, de 7 de janeiro de 2008
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